Escolhas

Era a terceira vez que se separava de alguém, mas a primeira em que fazia as malas. Antes não dividia teto, contas, filhos e guarda-roupas. 

Era a terceira vez que apagava fotos, mas a primeira em apagava sobrenome. E como dizem, para tudo tem a primeira vez.

Lúcia sabia o que queria quando decidiu seguir sozinha. Queria espaço. Ela sempre queria espaço. E ser vista. Cansara de se sentir uma planta enfeitando a sala. 

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Odete não aceitava a postura da neta. Separada, divorciada, largada, ah, era tudo a mesma coisa. Não se desiste de um casamento, aconselhava. Era do tempo em que a mulher tinha que manter a casa em pé, estava na bíblia - edificar o lar. Não sabia ao certo o que essa palavra significava, tinha pouco estudo, quase nada, mas o que importa é que mantinha um casamento de sessenta anos. O marido bebia, ficava valente - costumava dizer, e a chamava de nomes que lhe doíam a alma. Mas ela estava ali, com o prato de comida quente e a roupa lavada. 

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Andressa não queria casar. Gostava de balada, bebida, ficar cada ano com um. Não trocava mais de namorado porque dava muito trabalho, mas um por ano era suficiente para não enjoar. O tédio das discussões não era pra ela, não nasceu pra isso. Nasceu para ser livre, bem livre.

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Adriana imprimiu no trabalho a foto da nova família que acabara de construir. Filho novinho, jeito ainda sem jeito de ser mãe. Colocou no porta-retratos para quando desse saudade de casa. Gostava da vida de casada, de ter alguém para todas as horas. O corpo e o sexo já não eram os mesmos de antes, é verdade, mas de quem é, não é?! - justificava. O ardor dera espaço para a maturidade, desculpava-se, enquanto não se interessava em comprar a lingerie da vitrine.

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Karen não conseguia tirar os olhos dele da cabeça. Tentava se concentrar em outra coisa, mas quando percebia pensava de novo. As mãos percorrendo seu corpo, a quentura dos braços, a maciez dos beijos. Pouco importa se tinha ou não uma aliança no dedo, queria ele em sua pele, e claro, em seu coração.
Não sabia viver sem isso. Precisava da vaidade de estar sempre bonita e desejada. Casamento era o que menos importava pra ela, sonhava viver um grande amor. 

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