Coxas contraídas


Prédio com luzes apagadas. No escuro, o que se ouve são meus passos.
Ele me espera com as mãos frias. 
Entro na sala.
Não digo nada, nossos olhos se cruzam.
Batimentos cardíacos acelerados, nos abraçamos.
No peito dele, meu coração bate mais forte.
O sangue que corre em minhas veias passa tão depressa que quase posso senti-lo.
Minha espinha fica ereta.
Arrepio. Os pelos dos braços dele também.
Minha mão direita puxa sua nuca, enquanto a esquerda acaricia sua barba mal feita. 
Meus lábios tocam sua testa, descem pelo rosto, chegam no queixo, encostam nos lábios.
Beijo sua boca como quem suga a alma de quem ama.
Línguas se cruzam, se entrelaçam. Sinto o gosto.
Minhas pernas amolecem ao toque das mãos dele, que percorrem minha cintura, descobrindo todo caminho do meu corpo. 
Coxas contraídas.
Com carinho, ele abaixa a alça da minha blusa, conhece meus seios, meus anseios.
Calor.
Roupas se espalham pelo chão. Nus, nossos corpos se unem.
Como dança moderna, entram e saem um do outro sem direção, pretensão.
A música se cala, nossos suspiros e gemidos fazem trilha no filme que vicia.
(...)