As razões e desrazões


Um dia ele acordou de bom humor, decidiu dar uma corda pra ela.
Um dia ela acordou de bom humor, resolveu dizer a verdade.
Uma noite se encontraram, assim por acaso, nesses encontros casuais marcados pelo destino.
Desarmados.
Ele lembrou de como ela segurava o copo. Ela lembrou de como ele andava.
Ela com o dedinho esticado. Ele com ar altivo e passos lentos.
Por um momento esquecerem as razões. Disseram tudo que queriam esconder.
Ou, quase tudo.
Ele insinuou. Ela temeu.
Adormeceram e aquela noite fez-se mágica.
O problema é não viver aquilo que se diz. Mas ela sabe que não precisa mais se auto-afirmar.
Será que isso basta para guardá-lo como a recordação mais intensa? Ou será o suficiente para tê-lo como personagem real do filme de sua própria vida?
Estava cansada, precisava tomar banho e ter que controlar todas as cenas tomaria muito de sua energia.
Deus, ou algo que o valha, haveria de saber o que fazer.

"Existem momentos de agir, e momentos de aceitar".


* Não há razões ou desrazões aqui. O que há é a necessidade da pele, a necessidade do toque. E a partir disso, todo e qualquer controle se torna inútil.
Que seja tolo, que seja humilhante, que seja vergonhoso, mas que seja amor.