Abstração


Sobre o que se diz e o que se é, existe uma larga e extensa distância. Talvez a distância desde o que se acredita, o que se sonha e o que consiste.
Podemos esquecer o que acreditamos, o que sonhamos, mas jamais o que consiste, porque ele é o fato, o tal ato inegável entre uma ocasião, uma criação ou um indivíduo.
Negar a si mesmo é falar sem sentido, sem motivo, sem razão, ou ainda, o que é pior, sem emoção. E ela é exatamente o que nos distingue dos robôs.
Muitos aderem a forma mecânica de se relacionar, vislumbrando um mundo cinza, em escala PB, sem alta definição. E isso traz uma felicidade manipulada e cuidadosamente planejada.
O que soma nem sempre é o que preserva, que valoriza, o que guarda. A soma, em muitos casos, se transforma em subtração, sugando o complemento. Aí, a divisão acontece para que se possa multiplicar. O caminho da matemática parece complicado, mas não é se olharmos com certo discernimento. Frieza e calculismo nunca – eles tornam feio tudo o que é bonito.

[abstração – a arte de determinar quem]